Sabedoria, solidariedade e interdependência em tempos de Covid19
Hoje, depois de alguns dias necessários para se organizar (família, pais e compromissos profissionais) diante da pandemia do Corona Vírus (Covid-19), retomamos as nossas atividades na Monge Urbano com a esperança de que temos uma oportunidade ímpar, apesar de nos ter sido imposta, para exercitarmos o nosso isolamento em família de forma sábia e solidária.
A sabedoria do momento nos é importante porque são as dificuldades colocadas pela vida que nos levam a descobrir algo além de nós mesmos.
Você já deve ter ouvido falar que “o bom marinheiro é aquele que aprendeu a navegar em mar revolto e não em mar calmo”. Por isso, ficar em casa com a família por um determinado tempo em isolamento pode tanto nos levar à loucura quanto a ampliar a nossa percepção de nós mesmos e dos outros.
O caminho que vamos nos esforçar a trilhar é uma escolha. Independentemente da alternativa eleita, ganhamos algo e perdemos algo, não existe ganhar todas. A vida sempre foi assim! É o Tradeoff dos economistas: toda escolha tem um custo, não importa qual seja.
Se o caminho da sabedoria também depende de uma escolha podemos almejar, no momento: identificar oportunidades para descortinar virtudes e talentos adormecidos;
desenvolver ideias ou insights para novos empreendimentos; ou descobrir novas soluções para problemas ou dilemas pessoais.
Não existe uma regra para isso nem atalho fácil. Só o caminhar vigilante nos ensina. E a trilha a ser percorrida é sempre árdua: “99% de transpiração e 1% de inspiração”. A vida sempre foi assim!
A solidariedade simplesmente se impõe na trilha da sabedoria. O que está acontecendo conosco agora também está ocorrendo com muitos outros ao nosso redor,perto ou longe, por todo o globo.
Tenho a convicção de que será mais fácil sairmos juntos dessa do que sozinhos. A necessidade nos leva a olhar para o outro, a sentir o seu sofrimento e a nos esforçarmos para ajudá-lo naquilo que estiver ao nosso alcance e for necessário.
Se este outro é ou não conhecido, não importa.
O QUE INTERESSA É A NOSSA AÇÃO VISANDO AO BEM-ESTAR COMUM!
Se o outro estiver bem, também estaremos.
A sabedoria aliada à solidariedade nos leva a compreender a interdependência, o conhecimento de que tudo está conectado. Nos demonstra que precisamos estar interligados para que a caminhada seja menos árdua.
Vivendo em uma sociedade voltada predominantemente para o consumo, diante da rotina árdua de trabalhar para sobreviver e alcançar certa dignidade, é muito fácil esquecermos não só de nós mesmos como dos outros, em especial, da nossa família, o lócus onde dividimos alegrias e tristezas, construímos confiança e segurança, esperamos abertura e acolhimento, desenvolvemos empatia e respeito.
Em poucos dias de quarentena já precisamos eu e minha família nos alimentar por diversas vezes. Esse alimento só nos foi possível porque existe uma cadeia de pessoas e processos, desde o agricultor, passando pelo transportador de alimentos, ao supermercado, todos ao nosso dispor. Na ponta, o supermercado precisa disponibilizar
funcionários para receber e higienizar os alimentos, organizá-los em gôndolas, prateleira e geladeiras, além dos responsáveis pelos caixas que conferem e finalizam as nossas compras.
Em síntese, para que o nosso dinheiro se faça valer e alcançarmos certo bem-estar,
precisamos dos outros. Sem o empenho e interesse do outro de nada vale a nossa moeda de troca. Às vezes, como diz a sabedoria popular, “é mais importante ter amigos que dinheiro.”
Portanto, nesse período que passamos em isolamento social, mais do que nunca, a interdependência se impõe.
Cada ser deste planeta importa em nossa vida,independente de onde estiver: se residente a minha rua, bairro, cidade, estado, país ou continente. Próximo ou distante, conhecido ou não, todos importam, independente de raça, cor, gênero, classe social ou cidadania. Cada ato nosso tem reflexo no todo; cada ato do outro (do todo), reflete em nós.
É por isso que a sabedoria e a solidariedade não existem sem a consciência da interdependência. Somos seres únicos e ao mesmo tempo somos todos. Únicos, porém, sem os outros, não temos como nos desenvolver.
Isaac Newton afirmou certa vez: “Se vi mais longe foi porque estava sobre ombros de gigantes”. Sem os que o antecedeu, Newton não poderia ter chegado tão longe e ter dado tamanha contribuição à ciência.
É por isso que somos um e somos todos. Se somos o que somos é porque existiram e existem muitos outros que nos ajudaram e continuam ajudando na nossa caminhada, porque“nenhum de nós é mais inteligente ou forte do que todos nós”.
Não estamos aqui à toa. Existimos porque existem pessoas, animais, florestas, tecnologias, comércios, governos, solidariedade etc. ao nosso entorno diariamente. Tudo o que nos cerca nos beneficia, bem ou mal, e o mal também se transforma em um bem.
Almejemos a sabedoria e a solidariedade em tempos de incerteza.
Nos tornamos mais fortes construindo redes de apoio e conexões.
Exercitemos a interdependência fomentando a tolerância, o respeito e a empatia.